Transando com um deus no reggae da sabiaguaba

Tobias. Um metro e noventa e três centímetros de altura, corpo atlético, cabelos e pêlos do corpo entre o loiro e o castanho claro, olhos também castanho claro, óculos de armação escura e lentes retangulares. Maxilar com ângulos retos bem definidos. Voz grave e imponente. Pele sempre muito bem hidratada. Mãos enormes mas ao mesmo tempo delicadas. Caso você ainda não tenha criado a imagem de um deus na sua cabeça, por favor o faça agora, eu preciso que você imagine um deus entre os homens para que eu continue a contar essa história.

Tobias era um profissional da dança, com uma carreira já bem sólida e estabilizada na área. Uma divindade dançante. Seu corpo era tão moldado pela sua profissão, que um mero aceno de sua mão parecia algo mágico. Ver aquele corpo enorme caminhando era como ver Dionísio se deleitando com o melhor dos vinhos. Ele parecia sentir prazer em cada micro movimento, e todos que o viam, de algum modo, sentiam desse poder. Uma aura divina emanava de seus movimentos, causando fascínio e evocando libidos de todos que o contemplavam. Uma entidade abençoada por Afrodite.

Há um questionamento que sempre me ronda. Existe alguma beleza que seja unânime? Uma beleza indiscutível, que não há ninguém nesse planeta que conteste. Uma beleza de um consenso tal que não precisa sequer ser dita, todos sabem, e a pessoa em questão precisa apenas viver e colher os frutos da beleza. Eu suponho que os deuses gregos sejam assim, por conta do culto a forma presente nas artes gregas. Eu nunca conheci um deus, seja grego ou de qualquer outro panteão, mas eu conhecia Tobias, o que já é o suficiente. Na minha imaginação, ele era uma dessas belezas incontestes.

No meio da semana ele postou em suas redes sociais que estaria em um reggae no sábado a noite. O local da festa era a casa de um artista aposentado na Sabiaguaba, um bairro litorâneo de Fortaleza que é praticamente um oásis, um bioma costeiro que mistura dunas brancas da areia da praia, a passagem do rio Cocó e um mangue com uma mata de um verde muito intenso. Agora aqui estou eu, a mais de meia hora divagando sobre sua beleza e contemplando sua desenvoltura no salão.

José Maurício, mais conhecido apenas como Zé Maurício, é um artista aposentado, começou sua carreira na fotografia onde ganhou vários prêmios, mas também já passou pelo cinegrafismo, música, dança e literatura, sempre com grandes contribuições. Mora em um sítio belíssimo na Sabiaguaba há quase 50 anos. Sua casa faz parte do círculo social de vários artistas independentes da cidade, com uma agenda de eventos como esse reggae. O salão para as pessoas dançarem era no chão de terra batida no meio das árvores, com um palco improvisado em um canto onde ficava o DJ e uma iluminação feita para deixar o lugar parecido com um condado de fadas. Naturalmente, a cerveja e a fumaça da ganja também contribuem para a magia do local e do momento. 

Eu havia saído para pegar outra cerveja, quando voltei, Tobias não estava mais no salão. Sentei em um dos pedaços de tronco cortados que estavam lá para servir como banco improvisado. Continuei contemplando o salão que estava começando a lotar. Eu fui sozinho e lá não conhecia praticamente ninguém. Eu gosto de fazer isso de vez em quando, me lançar ao desconhecido, me lançar no fogo das novidades. Às vezes dá muito certo e a noite acaba sendo incrível, mas também já tive noites completamente perdidas e frustrantes.

Infelizmente o salão não tem a mesma graça sem ele, já estava começando a ficar entediado, quando escuto uma voz atrás de mim:

 – Vai ficar só assistindo?

Era ele. Por muito pouco eu não saltei do toco impulsionado unicamente pela força do susto. Imediatamente veio a preocupação, será que ele percebeu que eu estava olhando? Eu estava tão imerso nos meus pensamentos que esqueci completamente de disfarçar? 

 – Acredita que eu não dancei ainda? Respondi tentando parecer tranquilo e ainda sorrindo, usando uma maturidade emocional que eu certamente não tinha.

 – Pois bora? O ser de luz falou já estendendo sua mão direita.

 – Bora! Demos as mãos e fomos em direção ao salão.

Imagino que agora você deva estar maluco para saber como foi essa dança não é? Bom, até eu estava louco para saber como seria. Já havia dançado outros ritmos com Tobias antes, mas reaggae ainda não. Antes de chegar à dança, preciso explicar mais um ponto de vista, o meu lugar de admiração e contemplação por aquele homem, naturalmente é também um lugar de muito tesão.

Tem certas fases da nossa vida, que a gente tem um absurdo, bizarro e monstruoso tesão por alguém, sem a mínima explicação. Às vezes é algo muito passageiro, coisa de uma semana, mas às vezes pode durar anos. De forma muito cruel, nem sempre esse objeto de desejo é o nosso companheiro no momento. Para alguns relacionamentos, essa dinâmica pode ir e vir com frequência, sendo possível entrar também em uma dinâmica de fuga, onde esse desejo escapa do relacionamento, e nunca mais volta.

Para os solteiros, eu sempre achei a dinâmica um pouco mais caótica, você pode ter vários objetos de desejo ao mesmo tempo, você literalmente se imagina sentando em um pela manhã, mamando outro pela tarde e comendo um terceiro à noite. Dependendo da fase, é uma loucura, mas o mais confuso ainda não é isso, o mais confuso é que às vezes você nem quer satisfazer esse desejo, às vezes só quer poder desejar (ok, às vezes você quer mamar e sentar bem muito mesmo).

O ponto é que existem figuras que realmente são irresistíveis, dependendo, claro, do que chama atenção em cada um. Eu, por exemplo, foderia até o talo com qualquer ator de filme de super herói, eu sou uma gay nerd safada, sempre fui e sempre vou ser. Se vier com o figurino de super herói, nem um guindaste me tira de cima.

Tobias é uma dessas figuras irresistíveis, mas não só para mim, ele cativa a libido de qualquer ser vivente, do mais incrédulo entre os ateus ao mais fervoroso entre os que creem, todos acreditam na beleza dessa entidade. Por isso nunca passou pela minha cabeça que eu, um reles fiel e devoto do seu esplendor, pudesse um dia ter alguma chance com o divino.

A música foi Lady do Wayne Wade, um clássico absoluto do reggae, super melódica. Eu sei que parece estranho o que vou dizer agora, mas você consegue imaginar um estado de alteração de consciência através dos movimentos? Eu sei, é estranho até para mim. Existem muitos recursos para se alterar o estado de consciência, meditação, orações, álcool, ganja, açúcar, café e por aí vai. Cada um deles com o seu próprio caminho para chegar nesse estado de alteração, eventualmente esses caminhos podem até se cruzarem. Naquele dia eu experienciei algum tipo de alteração de estado de consciência através de Tobias.

Seguir sua condução dos movimentos era como seguir um profeta, pregando o evangelho da dança, da sedução, do prazer e porque não, do amor. A música parecia ter sido feita para nós dois, ou nós dois que parecíamos ter sido feitos para aquela dança, eu sinceramente não sei. Em alguns momentos, até as batidas do meu coração pareciam estar sendo conduzidas por ele, como se a minha energia vital em suas mãos agora fosse mais uma matéria prima da sua dança, ou será que a minha energia vital seria matéria prima do seu prazer? Seria aquela uma dança do acasalamento? Do meio para o fim da música, enquanto dançávamos, ele começou a olhar bem nos meus olhos, como se estivesse procurando algo dentro de mim, mas sempre muito sorridente.

No último minuto da música, ele pôs minha mão direita do lado esquerdo do seu peitoral, bem em cima do coração. Senti sua pulsação, seu coração não estava acelerado, apesar da atividade intensa da dança, mas era de longe a pulsação mais forte que senti na vida. Cada batida parecia um tiro de canhão. Como estávamos colados pela dança, era possível sentir cada pulsação reverberando pelo seu corpo e de algum modo reverberando até para o meu. Nesse dia eu senti as batidas do coração de um deus. 

Mas que deus seria Tobias? Dionísio? Talvez a própria Afrodite? E o quão louco seria a ideia, de que na verdade ele é os dois? Uma divindade nordestina da dança, que ilumina a todos com os seus movimentos. Ou será apenas uma entidade cinestésica vinda de outra dimensão? Uma figura comum no seu lugar de origem, mas que aqui se torna a própria potência divina encarnada.

A música acabou, mais uma vez ele olhou nos meus olhos com a atenção e precisão de quem procura uma agulha no palheiro e disse: 

 – Bora fumar um? A pergunta veio acompanhada de um sorrido tal que se eu quisesse recusar, provavelmente não conseguiria. Felizmente eu estava bem longe de ter qualquer intenção de recusar.

 – Bora demais!

Fomos para um lugar mais afastado entre as várias árvores frondosas do sítio, a única iluminação era a que vinha do salão. Era possível ver vários pequenos grupos espalhados pelas árvores, fumando, bebendo, conversando e também alguns casais se pegando. Caminhamos lentamente enquanto conversávamos aleatoriedades e eu fingia estar calmo. Um ninho de marimbondos irritados ainda seria mais calmo do que a tormenta das borboletas do meu estômago.

 – Esses brincos são lindos. Antes de terminar a frase, sua mão direita já estava vindo na direção da minha orelha esquerda, instintivamente imaginei aquela mão indo em direção da minha nuca e puxando minha cabeça para um beijo.

 – Obrigado.

Com um movimento de pinça ele segurava o brinco, o que já nos deixou bem perto um do outro. Os seus dedos encostaram na minha barba.

 – Que barba macia é essa? Foi possível realmente ver uma expressão de espanto no rosto de Tobias. As borboletas do meu estômago explodiram, como se tivessem marcado um gol.

 – Uma delícia né? Seus dedos perderam completamente o interesse no meu brinco e agora acariciavam levemente a minha barba com real admiração. 

 – Você está usando algum produto? Novamente ele olhou nos meus olhos como se buscasse algo muito valioso.

 – Sim, sim. Eu lavo com sabonete de coco e depois passo um óleo específico para barba, aí fica assim super macio e é super cheiroso também. 

 – Posso cheirar?

 – Claro!

Sua mão se espalhou no lado esquerdo do meu rosto. Ele se curvou um pouco e eu fiquei ligeiramente de ponta de pé para igualar a diferença de altura. Sua mão livre veio em direção a minha cintura, eu estava esperando que ele cheirasse minha barba, mas desejando que ele vinhesse alimentar meu desejo. Para minha surpresa, ele encostou seu rosto no meu, deixando a metade da sua boca, ainda fechada, encostando em metade da minha boca, também fechada. Ficamos paralisados nesta posição por mais ou menos uns 5 segundos. As borboletas no meu estômago paralisaram, como se tivessem sido pegas de surpresas, e agora esperavam o que aconteceria.

O que estava acontecendo ali? Deus havia me notado? Me elogiado? E agora estava ali fazendo o que? Ele queria me beijar ou não? O calor dos rostos disparou. Então finalmente veio, ele me beijou, as borboletas que estavam congeladas decidiram que agora iriam sair, metade quis ir pelo meu cu e a outra pelo meu pau. A vontade de acasalar veio de forma instantânea. 

Ele encostou as costas na árvore e ficou de pernas bem abertas, de modo que ficássemos na altura certa para encostar os paus durante o beijo. Ele segurou minha bunda com as duas mãos e conduziu meu quadril para fazer movimentos ondulados leves, roçando as nossas pirocas já incrivelmente duras e se amando mesmo com as camadas de roupas. As ondulações pareciam seguir as batidas do reggae que tocava ao longe. 

Quando eu já estava desesperado por algo mais do que o que já estava acontecendo. Ele me virou e encaixou minha bunda no seu pau. Começou a morder levemente o meu cangote, enquanto sua mão direita apertava firmemente o meu pau, ordenhando-o com movimentos que alternavam entre apertar e afrouxar. Com pequenos movimentos de quadril muito ondulados e precisos, ele mais uma vez sincronizou tudo com as batidas da música: as estocadas ondulatórias na minha bunda, as mordidas e o aperto no meu pau. 

Finalmente as borboletas saíram. Tocado por um deus, não teria como ser diferente. Gozei com tanta força que por alguns segundos perdi a força nas pernas, e só não caí porque estava nos braços dele. Virei e ficamos abraçados por alguns instantes enquanto eu recuperava a força e o juízo. 

Coloquei a cabeça no peito de Tobias e comecei a alisar o pinto do divino por cima da calça. Como será o prazer de um ser tão elevado? Os deuses também gozam? Seria seu gozo uma benção? Só havia um jeito de descobrir. Ajoelhei-me sem saber se iria mamar, orar ou adorar, mas talvez fosse tudo uma coisa só.

Talvez você esteja se perguntando, ele só te masturbou e você já ajoelha para chupar? Lembre-se, não estamos falando de qualquer pessoa, estamos falando de Tobias, a divindade. Você pode ser o mais ateu entre os ateus, mas se de repente o próprio Dionísio aparece na sua frente querendo gozar na sua cara, você recusaria? Por acaso você diria: “não, obrigado, eu não acredito em deuses”. Se você é esse tipo de pessoa, meus parabéns, mas eu não sou. Na frente daquele homem qualquer ateu vira crente.

Ajoelhar ali parecia a única coisa a ser feita. Ajoelhar para um deus deveria ser uma remissão de pecados e não o próprio pecado. Abri sua calça, mordi e beijei o falo sacro falo, até que finalmente saquei-o para fora. Eu imagino que você deva estar pensando que seu membro era do tipo terceira perna de tão grande e grosso, mas não, era um  pinto de tamanho e espessura normal, nada demais quanto a esses dois aspectos. Quanto à curvatura, fazia uma linda envergadura para o lado esquerdo de Tobias, era uma envergadura mais sinuosa do que a média, o que atribuía muita personalidade ao seu pinto.

Os pelinhos pubianos eram aparados, mas não raspados, tinha a mesma cor da barba, variando entre o loiro e o castanho claro. O saco, esse sim, bem maior do que a média. Um belíssimo escroto pendular, inchado, bem cuidado e de pele macia.

O grande charme era da sua glande, lustrosa, brilhosa, incrivelmente fofinha e macia. Da boca era como um marshmallow  ou algodão doce. Em vários momentos até cheguei a pensar que iria se desmanchar na minha boca. Fiz o serviço completo, ninguém ficou de fora, não houve nenhum centímetro do seu pau ou dos testículos que não tenha recebido atenção da minha boca e da minha língua.

Era perceptível que ele estava quase gozando quando nossos olhares finalmente se encontraram novamente. Eu estava só com a sua glande na boca, mamando como quem chupa uma chupeta, tentando aproveitar ao máximo o prazer daquela glande tão peculiar. Seu olhar ficou ainda mais profundo do que das outras vezes. Sua boca agora estava aberta para auxiliar na respiração que arfava de forma quase animalesca. Era como se ele quisesse compartilhar o seu orgasmo através do olhar. Foi através desse vínculo que recebi sua dádiva divina, quente, grossa, volumosa e borbulhante. Em momento algum perdemos o vínculo no olhar, enquanto ele jorrava na minha boca, nós se quer piscamos. Foi lindo, perfeito e divino.

Lembro desse dia com muito carinho. Foi tudo tão mágico e inesperado. Algo que entrou para o meu livro de memórias. Um desses dias em que lançar-se ao desconhecido valeu muito a pena. Nessa mesma noite, vi Tobias ficando com várias outras pessoas, espalhando sua palavra de amor e eu voltei para casa com minha fé renovada.

***** 

E enamorou-se dos seus amantes, cuja carne é como a de jumentos, e cujo fluxo é como o de cavalos.

Ezequiel 23:20

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