Na semana do dia das mães, o podcast Mamilos lançou um episódio intitulado “Mães e Tabus” (não é necessariamente sobre o dia das mães, é sobre maternidade de um modo geral). Eu já falei desse podcast aqui no blog, caso você ainda não tenha ouvido, ouça! Talvez seja o melhor podcast em português atualmente. Esse podcast sempre me convida a reflexão. Curiosamente nem sempre sobre o assunto que está sendo abordado no episódio, sempre os meus pensamentos viajam enquanto estou ouvindo e por um bom tempo depois de ouvir.
Mas eu to só enrolando né? Vamos logo para a pauta principal. Percebi depois desse podcast que a minha mãe é uma pessoa muito romântica e pouco sentimental. Isso foi o pontapé de uma série de reflexões. Não sei se vocês são assim, mas depois que eu entendo/descubro uma coisa nova eu percebo essa coisa em tudo (tipo, eu tô lendo Microfísica do Poder do Focault e agora eu vejo relações de poder e de abuso de poder em tudo). Depois de perceber essa relação de romance vs sentimento em relação a minha mãe, quase imediatamente percebi que eu sou o oposto disso. Uma figura muito sentimental e pouco romântica.
Acredito que você já deva estar se perguntando, romance e sentimento são coisas diferentes? Pois é. São. E é agora que entram os exemplos. Minha mãe adora o romance das flores no dia das mães. Mesmo que os sentimentos não estejam sendo bem cuidados e estejam fora de ordem. Já eu não tenho muito saco para o romance das flores no dia das mães, prefiro mil vezes que o convívio diário esteja ok (e pra isso os sentimentos precisam estar ok). É óbvio que essa diferença naturalmente gera atrito né? Mas é exatamente aí que entra o lance de entender os sentimentos. Uma vez que você entende essas diferenças sentimentais, a convivência sem atritos fica muito mais palpável. Agora que eu entendo essa diferença entre eu e minha mãe, eu tento fazer um pouco do jogo dela, atender um pouco desse romance e datas especiais. Ao mesmo tempo que eu tento trazer ela pro meu jogo, dando importância aos pequenos gestos do cotidiano. Essas concessões são elementares para manter qualquer relação ao longo dos anos. Talvez possa até dizer que isso é base fundamental para um amor maduro.
E porque caralhos eu to escrevendo isso no dia dos namorados? (sim, isso é um texto de dia dos namorados). Pois é, é exatamente onde quero chegar. Depois de ter percebido essa diferença de sentimentos e romances entre eu e a minha mãe, levei isso para fora, para os casais. Tenho percebido muita gente vivendo romances sem sentimento. Ou vivendo sentimentos que estão impossibilitados de se tornar um romance. Percebo muita gente buscando romance achando que está buscando sentimento, ou às vezes alguém buscando sentimento no romance. É claro que é impossível falar dessas diferenças entre sentimento e romance sem falar nas redes sociais. No Instagram tem um festival de histórias de romance com sentimentos duvidosos. Restaurante e motel caro no dia dos namorados com direito a postagens em todas as redes sociais pode ser uma ótima história de romance, mas não é garantia nenhuma de história de amor.
Ainda não ficou clara qual é a diferença entre sentimento e romance né? E nem vai ficar. Eu posso afirmar que não são a mesma coisa, mas é subjetivo demais para dizer o que é o quê. O que é romance e sentimento para mim pode ser algo completamente diferente para você. Uma pessoa que é excessivamente romântica ou sentimental (ou os dois!) para mim, pode ser completamente normal para você. Mas até essa reflexão do que é o quê para cada um é ótimo para entender melhor as convivências, as relações e o que você realmente está buscando nessa esfera da vida.