Hoje eu vou contar uma história pra vocês, algo que pude acompanhar durante o já quase longínquo 2017.
Não é segredo que eu e a Fabrícia temos um relacionamento aberto. Recentemente aconteceu algo bastante curioso pra mim, algo que a uns anos atrás eu jamais me imaginaria fazendo. Sabe aquela pessoa que fica bancando o cupido, tentando formar casalzinho? Pois é, eu banquei o cupido entre a Fabrícia e uma ex namorada minha, que chamarei aqui de senhorita X.
E como isso aconteceu? É exatamente aí onde que quero chegar.
Em uma conversa casual com a senhorita X no whatsapp, começamos falar sobre sexo (como vcs sabem, a minha vida sexual é meio escancarada). Senhorita X então me revelou algumas coisas coisadas, coisas tristes, a primeira delas, senhorita X nunca gozou com penetração, a segunda, senhorita X sentia dor com penetração em todas as suas relações, por último e não menos importante, senhorita X nunca tinha sido chupada (até então). Acho que vocês já devem ter chegado a uma conclusão mais que natural, senhorita X não estava sendo feliz no sexo e obviamente isso mexia muito com a cabeça dela. Imediatamente me veio na cabeça, “bem, talvez o negócio dela não seja pintos, seja ppks”, então perguntei se ela tinha considerado essa possibilidade.
Senhorita X ficou chocada com a declaração. Argumentei pra que ela não excluísse a possibilidade assim de cara, se permitisse e tal e indiquei uma pessoa que poderia ajudar ela mais do que eu, uma pessoa que também tem ppk, que também tava se descobrindo atraída por pessoas do mesmo sexo e estaria super disposta a conversar e quem sabe tirar a prova se a senhorita X era do babado ou não, sim, estamos falando da super Fabrícia 🙂
Falei com a Fabrícia sobre a senhorita X e ela concordou em tentar ter uma conversa entre amigas, a senhorita X por sua vez adicionou a Fabrícia nas redes sociais e também procurou ajuda médica. O resto da história se desenrola naturalmente com elas duas, marcaram um primeiro encontro, conversaram pessoalmente, rolou uma amassinho de leve, passou um tempo, depois já marcaram um motel, rolou os babado tudo (#piadaNãoIntencional). Ao mesmo tempo a Senhorita X procurou um médico e teve o feedback de que não tem nada de errado com o corpo dela, procurou um psicólogo e começou a fazer terapia, já contou pra mãe dela que ela é do babado e sua mãe a acolheu normalmente. Hoje a senhorita X está namorando com a senhorita Y, está super feliz e agora conseguiu se encontrar não só sexualmente como sentimentalmente 🙂
É agora que vem aquela conclusão epifânica catártica que vai mudar a nossas vidas?
Mais ou menos. O ponto é, muitas vezes insistimos em ser uma coisa que não somos, um triângulo tentando ser um círculo, e muitas vezes não é porque rejeitamos ser um triângulo ou qualquer outro formato, simplesmente não nos permitimos enxergar os outros formatos. É como se essa não fosse uma opção válida e por isso não enxergamos outros formatos. Por conta do contexto preconceituoso e heteronormativo em que vivemos, acaba se formando uma opressão coletiva, às vezes silenciosa, às vezes não, que gera uma omissão pessoal dessas possibilidades, nos tornando cegos para isso.
Super Felipe e super Fabrícia são tipo os “super heróis” que estão “salvando” a humanidade do sexo monótono e sem prazer, permitindo que as pessoas descubram as “curas” de seus maiores medos, combatendo os “vilões” da falta de orgasmo.