Overdose de Cafeína

Texto de Van Demberg

Edição de Jaiana Meira

Atravessando o tártaro, onde Hades tenta segurar minha alma, eu almejo a libertação para logo cair nos braços de Afrodite. Ao longo da travessia, me encontro em angústia, carregando xícaras e xícaras de café, esgarçando todas as possibilidades de ter uma overdose de você. A cada xícara você desce pela minha garganta tatuando toda a cafeína nas minhas entranhas. Fazendo-me pensar porquê te amo, se me prejudica tanto. Certo dia, olhando para o nada, olhando para o caos, pensei naquela tarde que caminhamos junto a esse precipício, que nos ensina e nos ensinou a lidar com essa figura. A figura do amor, do ódio, que se desenha a cada instante, que não é uma linha reta e sim uma teia que nos entrelaça e nos mantém todo dia nesse descomedimento sentimental, onde Hades ri na minha frente e te abraça pelas costas, fazendo-nos carregar pela eternidade xícaras e mais xícaras de tormento por não sabermos o que somos juntos e o que estamos fazendo separados.

Van Demberg
Fada Sensata
Licenciando em Dança na
Universidade Federal do Ceará

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