No dia 27 de julho eu fui para uma palestra intitulada A Fotografia e o Motociclismo no Museu da Fotografia.
O evento foi das 14hs às 17hs, com falas iniciais do Jarbas Marcelino e Leandro Martins, seguida por uma palestra mais extensa do mestre José Albano, e é sobre o Zé que gostaria de falar hoje. Zé Albano nasceu em 1944, ou seja, já está velhinho, com 78 anos, mas incrivelmente jovem em espírito. Zé é uma daquelas entidades folclóricas da cidade, embora seja conhecido no Brasil inteiro. Uma figura que todo mundo deveria conhecer, e é por isso que resolvi escrever esse texto.
Zé se formou em Letras Português – Inglês pela Universidade Federal do Ceará em 1968, mas foi na fotografia onde ele se encontrou e fez carreira. O seu estilo de vida e suas viagens de moto, tudo claro perpassado pela fotografia, deram a ele a fama que possui hoje.
Para começar a entender o Zé e porque ele é essa entidade. Precisamos começar olhando para sua morada, uma casa de taipa lindíssima que ele mesmo desenhou e ajudou a construir em 1982 na Sabiaguaba, onde reside até hoje. Existe um minidocumentário de 22 minutos no canal oficial da Assembléia Legislativa do Ceará sobre a casa do Zé. Recomendo fortemente assistir a esse minidoc antes de continuar a leitura. Vale muito a pena cada minuto.
Zé sempre teve coração de hippie. Durante mais de duas décadas ele participou de um evento anual chamado Encontro Nacional de Comunidades Alternativas (ENCA) que todo ano acontece em um estado diferente. Só que o Zé ia de moto para esses encontros, fazendo viagens para outros estados em uma moto de 125cc comprada na década de 80. Basicamente ele nunca trocou de moto, atualizando algumas peças aqui e ali, mas sempre com a mesma. O mais longe que ele chegou a ir foi para o Rio Grande do Sul, mas com um detalhe, Zé praticamente não usa hotéis ou pousadas. Ele acampa em qualquer lugar, em beiras de estrada, ou postos de caminhoneiros, passando por cidades apenas para se reabastecer de alguns suprimentos. No ENCA, ele fazia o registro fotográfico do evento, no ano seguinte ia de novo para fotografar e levava o resultado das fotos do ano anterior. As suas vivências de viagens de moto foram registradas no livro Manual do Viajante Solitário.
Voltando à palestra, o museu da fotografia é incrível, fica na rua Frederico Borges na Varjota, vale muito a pena ir lá conhecer. O evento aconteceu no auditório do museu que fica no último andar e foi ótimo. Um festival de fotos e falas maravilhosas, tanto do Zé quanto dos convidados, tive a oportunidade de adquirir o Manual do Viajante Solitário, pegar um autógrafo e ainda tirar uma foto com o Zé.
Para finalizar, houve um momento na palestra que alguém perguntou ao Zé sobre a coragem dele para essas aventuras, ele pegou o próprio livro e leu um trecho como resposta e que agora transcrevo para vocês:
Aprendi a dar uma resposta às inúmeras pessoas que me abordam com a frase: “Mas que coragem!” A minha resposta é: “Coragem é a sua de ver a vida passar dentro de casa! Como é que você tem coragem de gastar a vida desse jeito?”
José Albano
Que legal! Se eu tivesse aí em Fortaleza, eu teria ido pra essa palestra também. Adoro o MFF!