Carta de amor N°7

Se me perguntassem hoje qual é o problema do mundo, eu diria coisas como falta de empatia ou falta de sensibilidade. O mundo seria um lugar muito melhor pra se viver se tivesse um pouco mais dessas duas coisas. No entanto, você foi a primeira pessoa que me apresentou o problema oposto. Você consegue ter tanta empatia e sensibilidade por tudo e por todos que dá a volta e vira um problema. 

Várias vezes eu fico pisando em ovos na hora de falar com você. Qualquer coisa é potencialmente catastrófica quando se tem tanta sensibilidade assim. As vezes fico impaciente por ter que ficar o tempo inteiro medindo as palavras e não tem uma única vez que você não perceba. As vezes acabo te tratando como uma boneca de porcelana, extremamente delicada e frágil. As vezes acho que você é completamente desequilibrada. No entanto, convive com você tempo o suficiente pra entender e aprender que o problema não é você, nunca foi.

Em uma sociedade completamente insensível e apática, pessoas como você são levadas a acreditar que todo esse sentimento é um problema. Esse mundo não tá preparado para pessoas como você, ao mesmo tempo que esse mesmo mundo precisa de pessoas como você. Paradoxal, eu sei, mas esse mundo sempre foi assim, muito ávido à destruir tudo aquilo que ele mais precisa. Isso faz de você um ser iluminado, de uma forma quase profética e olhando dessa forma, você ter escolhido medicina como profissão me faz acreditar de verdade que você tem uma missão nesse mundo. Porque se tem uma coisa que nossa sociedade precisa é de médicas como você. É preciso, claro, ser realista, pessoas sensíveis sofrem mais e a mais sensível de todas vai sofrer mais do que todos, mas isso jamais será um defeito. Não é você que tem que mudar, é o mundo. De qualquer forma, saiba que eu vou estar sempre aqui com você e por você nessa jornada.

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