A lua verde

No oceano do meu sangue, havia a sereia

No céu das minhas aflições, havia o pássaro

No chão do meu vazio, havia a criatura

Orbitando esse mundo de angústias, havia a lua verde

Todos cantavam e dançavam na tormenta das minhas angústias

A sereia vinha do futuro

Ela estava sempre fogosa

Fodia a razão

Fodia a lucidez

Fodia o juízo

Fodia até o espírito

Garantindo que tudo estivesse sempre fodido

A criatura vinha do presente

Ela estava sempre faminta

Comia o amor

Comia a esperança

Comia a felicidade

Comia até a luz

Garantindo que tudo estivesse sempre vazio

O pássaro vinha do passado

Ele era o carcereiro

Prendia os pés

Prendia as mãos

Prendia a cabeça

Prendia até os sentidos

Garantindo que nada escapasse

A lua verde era um ponto fixo no tempo

Ela era a grande mãe

Amamentava a criatura

Amamentava o pássaro

Amamentava a sereia

Amamentava até o próprio tempo

Garantindo que tudo ali fosse sempre o mesmo

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