Encerrando a trilogia das minhas recentes inquietações com coisas que escuto, hoje falaremos da classe média brasileira. Existem dois tipos de classe média. A primeira eu costumo chamar de classe média delirante, ela acredita com todas as forças que está mais próxima dos ricos do que dos pobres, tem orgulho dos seus privilégios e comumente tende a direita no espectro político. A segunda eu chamo de classe média desconstruidona, essa entende que tá muito mais próxima dos pobres do que dos ricos, costuma tender a esquerda politicamente e adora soltar frases do tipo:
Classe média também é pobre, classe média não é rica
E adivinhem só? Estamos diante de mais um senso comum bastante perigoso.
Esse discurso de que a classe média também é pobre tem duas consequências diretas: invisibilizar ainda mais as carências de quem realmente é pobre e mascarar os privilégios da classe média. Simples assim. Classe média é classe média. Ponto final. O fato de estarem mais próximos dos pobres nem de longe os habilita a serem chamados de pobres.
Existe um abismo de diferença entre a classe pobre e a classe média e existem mil abismos de diferença entre a classe média e a classe rica. Da perspectiva do pobre, um único abismo já é o suficiente para haver uma separação de realidades. Não importa quem é classe média, ou rica, não importa se você tem 1 milhão ou 1 bilhão, para quem realmente é pobre, da classe média pra cima é tudo rico.
A classe média desconstruidona costuma se achar melhor do que a classe média delirante, pelo simples fato de ter um pouco de consciência de classe. Mas adivinhem só? Ambas acabam sendo só mais do mesmo da boa e velha classe média brasileira, totalmente incapaz de olhar e empatizar verdadeiramente com os pobres.
Podicreeee! É isso aí mesmo, todos nós precisamos de uns tapas na cara desses, é preciso empatia para entender o outro, mas para ajudá-lo e não para se vitimizar.