2021

“O ano em que todo mundo sabia o nome dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal e ninguém sabia o nome dos 11 jogadores titulares da seleção brasileira.” Início da minha retrospectiva de 2018.

“Um ano de bosta para o nosso país né minha gente? Mas não é como se já não estivéssemos esperando por isso.” Início da minha retrospectiva de 2019.

“Eu comecei o texto da retrospectiva de 2019 dizendo que foi um ano de bosta pro nosso país. É muito assustador que isso pareça até uma piada se compararmos com o que foi 2020.” Início da minha retrospectiva de 2020.

É engraçado a gente comparar os nossos estados em diferentes momentos. Na virada de 2020 para 2021, eu nunca iria imaginar que aconteceria o que aconteceu esse ano. Jamais imaginaria que perderia meu tio e meu pai no mesmo ano, no intervalo exato de um mês de um para o outro. Tudo tão rápido, tão repentino. Especialmente quando olho para o início dessas outras retrospectivas, parece até que tô vivendo uma piada de mau gosto do universo. Eu estou vivendo uma das piores fases da minha vida, talvez a pior até agora, quem tem acompanhado o blog deve estar percebendo, têm algo em mim que claramente está quebrado. Não vale muito a pena entrar mais nesse assunto porque já tem um monte de textos aqui no blog só sobre isso e muito provavelmente ainda terão muitos outros.

Uma das tradições aqui no blog é quando eu divulgo o que eu consumi de mídia durante o ano. Em 2018 eu entrei em uma pira de registrar algumas informações sobre os meus padrões de consumo de mídia e comecei a divulgar os resultados disso na retrospectiva deste mesmo ano, além da tradicional planilha financeira onde anoto os meus gastos, continuei fazendo essas anotações em 2019 e 2020, o que gera algumas análises interessantes. Ao todo são 5 planilhas:

  • Assistidos 2021: nessa planilha eu anoto todos os filmes, desenhos e séries que assisti. Essa mesma planilha serviu também para controlar as coisas que eu queria ver, e conseguia assim fazer meio que uma meta do que eu queria consumir de conteúdo audiovisual;
  • Jogos 2021: Título auto explicativo. Aqui eu registrava tudo que estava jogando e tudo que tinha finalizado;
  • Leituras 2021: Mais um título autoexplicativo. Nessa planilha eu registrei tudo que estava lendo e o que tinha lido;
  • Contas 2021: Aqui eu não só registrava tudo o que tinha gasto, como fazia uma projeção de gastos pros próximos meses. Hábito essencial para quem pretende não gastar mais do que o que ganha e ainda juntar algum dinheiro;
  • Podcasts 2021: Nessa planilha eu registrei todos os podcasts que ouvi. (caso você não saiba o que é podcast, é só clicar aqui para ir para um texto onde eu explico o que é).

Separei essas áreas em tópicos, caso você não se interesse por algum deles e quiser poupar tempo, sinta-se a vontade para pular para o próximo tópico.

FILMES E SÉRIES

Em 2021 eu assisti exatamente 50 filmes, variando entre live actions e filmes animados. Assisti 28 temporadas de séries, sendo 16 temporadas de séries animadas e 8 temporadas de séries live action. Não são só coisas lançadas em 2021, tem obras de várias épocas nessa lista. Das séries animadas, o que mais me marcou foi Demon Slayer, o remake de She-ra da Netflix (eu assisti as 5 temporadas no ano passado, uma atrás da outra),  a parte 1 da 4° temporada de Attack on Titan (provavelmente o melhor anime dos últimos 10 anos), a 6° e última temporada de BoJack Horseman e Arcane.

Arcane é uma obra prima das animações, é 10 de 10 mesmo. Acho que é a minha principal recomendação em relação às séries animadas. Essa série se passa no contexto do universo do jogo League of Legends, mas não precisa ter jogado o jogo para poder assistir. Ela está sendo desenvolvida a muuuuuuuuuito tempo, eu estava com a expectativa altíssima para ela e mesmo assim as minhas expectativas foram superadas.

 

Das séries live action, o que mais me marcou foi a 1° e 2° temporada de Pose e Chernobyl (temporada única), Chernobyl fez muito barulho quando foi lançada em 2019 e acredito que dispensa apresentação, é realmente uma série fantástica. Pose é uma série sobre o cenário da comunidade LGBTQIA+, negra e periférica de Nova York no final da década de 80 e início da década de 90. Trata de vários temas relacionados a esse recorte, como o surgimento da aids que assolou a comunidade nessa época e o surgimento dos bailes de vogue. É um recorte super específico mas vale muito a pena, é uma série que todos deveriam ver.

Em relação aos filmes, o que mais me marcou foi Minha Mãe é Uma Peça, Okja, Wolfwalkers, Cruella e In The Heights. Eu só fui dar importância ao trabalho do Paulo Gustavo depois que ele morreu, infelizmente. Esse cara é um gênio da comédia, o primeiro filme Minha Mãe é Uma Peça já tem algumas piadas um pouco datadas, mas ainda assim é um filme maravilhoso. Okja é um filme difícil de explicar, ele é uma produção sul-coreana que aborda direitos dos animais com uma pitada de ficção científica e aventura, mas é uma descrição que ainda não faz jus ao filme, só assistindo mesmo, é uma obra super sensível e tem vários momentos de chorar até se acabar. Wolfwalkers é um filme animado de fantasia e de aventura e é totalmente baseado no folclore irlandês. O visual e a história são incríveis. Cruella acho que foi uma das grandes surpresas para mim esse ano, certamente a melhor adaptação para live action que a Disney já fez até agora. Conta a história da Cruella, a vilã dos 101 dálmatas, de início eu não achava que essa premissa pudesse render um bom filme (sem falar que as adaptações live action da Disney não tem sido lá grandes coisas), mas eu não poderia estar mais enganado. É um filmaço e a atuação da Emma Stone como Cruella é impecável (como tudo que ela faz). Entre todos estes, de longe o filme que mais mexeu comigo foi In The Heights (Izabel, muito obrigado por essa indicação maravilhosa!!!).

In The Heights é um musical roteirizado e produzido por Lin-Manuel Miranda, ele fez também Hamilton e a trilha sonora da última animação da Disney, Encanto. In The Heights é uma grande carta de amor à cultura latina no nível de uma produção hollywoodiana. Eu devo ter assistido esse filme umas 5 vezes no ano passado e ainda tô longe de enjoar. Tenho percebido que gosto muito de tudo que o Lin-Manuel Miranda faz.

Caso alguém queira ver a lista de tudo que assisti esse ano é só clicar aqui

JOGOS

Em relação aos jogos, esse ano eu finalizei exatamente 30 jogos. Joguei muita coisa boa esse ano, os que mais me marcaram foi The Messenger, Ori and the Will of the Wisps, Morkredd, Resident Evil 7, BioShock Infinite, Resident Evil 8, Hades, Psychonauts 2, Sayonara Wild Hearts, Unsighted, It Takes Two, Gorogoa, Artful Escape. É até difícil recomendar algum específico nessa lista, todos são excelentes, mas vou tentar falar de alguns. 

Existem 3 jogos dessa lista que são de uma mesma publisher: Artful Escape, Sayonara Wild Hearts e Gorogoa. Os 3 foram publicados pela Annapurna Interactive. Tenho percebido que gosto muito dos jogos que eles publicam, geralmente possuem mecânicas bem diferentonas. Artful Escape é um jogo de plataforma 2D musical sobre um adolescente guitarrista que parte em uma jornada psicodélica para encontrar seu eu artístico. A descrição do Sayonara Wild Hearts na Steam é assim: “um jogo arcade de sonhos sobre andar em motos e skates, batalhas de dança, atirar com laser, brandir espadas e partir corações a 300 km/h”. Não diz muito sobre o que é realmente o jogo, mas isso é até bom, jogar Sayonara sem saber muito sobre o que é o jogo é uma viagem deliciosa. Gorogoa é um jogo de puzzle tão maluco que é difícil de descrever também (difícil de descrever é meio que uma característica dos jogos que a Annapurna publica). A ideia de ir jogar sem saber muito sobre o jogo também funciona para o Gorogoa.

Unsighted é uma jogo 100% brasileiro, produzido pelo estúdio Pixel Punk, um estúdio composto por duas minas trans, Tiani Pixel e Fernanda Dias. Para mim, Unsighted é a grande obra prima dos jogos independentes brasileiros. O jogo é um hack’n slash 2D com visão isométrica, estética cyberpunk feito em pixel art, elementos de metroidvania e narrativa pós apocalíptica. A história é sobre uma autômata chamada Alma, que acorda em um mundo arruinado após uma guerra contra os humanos. Anima, o recurso que dá aos autômatos senciência, está acabando e transformando os amigos de Alma em máquinas de matar sem capacidade de raciocínio: são os Unsighted.

Psychonauts 2 foi uma das melhores experiências com videogame que tive na vida. Ele é um jogo de plataforma 3D cuja temática principal é que as fases se passam dentro da mente das pessoas, o que dá margem para todo tipo de doideira visual e explorar narrativas de forma muito profunda, afinal você literalmente entra na cabeça dos personagens. Tive a felicidade de jogar esse jogo inteiro ao lado do Dan Martins.

Resident Evil 7, 8 e It Takes Two são os colossos dessa lista, produções milionárias e que eu acredito que dispensam apresentações. Os 3 já ganharam um monte de prêmios, It Takes Two inclusive levou o prêmio de jogo do ano no The Game Awards de 2021. A maioria dos jogos citados aqui eu tive a chance de jogar ao lado de pessoas maravilhosas (vou abordar isso mais na frente).

Caso alguém queira ver a lista de todos os jogos que finalizei esse ano é só clicar aqui.

LEITURAS

Esse ano eu li 6 livros e 17 quadrinhos. Nos quadrinhos, o que mais me chamou atenção foi Neurocomic, Desaplanar e Shamisen: Canções do Mundo Flutuante. Nos livros, o que mais me chamou atenção foi Notas sobre o luto. Eu estou com preguiça de fazer sinopse de todos, então vou só copiar a sinopse que tem na Amazon de cada um.

Neurocomic: “Os grandes questionamentos nos acompanham na nossa evolução diária. Você sabe do que seu cérebro é feito? Sabe como funciona nossa memória? Sabe o que é um neurônio? Você já deve conhecer a lagarta de Alice no País das Maravilhas e sua clássica pergunta: “Quem é você?”.NEUROCOMIC: A CAVERNA DAS MEMÓRIAS é uma viagem através do cérebro humano ― um lugar repleto de florestas de neurônios, cavernas escuras que abrigam lembranças adormecidas e enormes castelos ruídos pela ilusão.”

Desaplanar: “Um épico filosófico em forma de quadrinhos, Desaplanar, de Nick Sousanis, reflete sobre a relação entre palavras e imagens na sociedade contemporânea. Repleta de citações literárias e filosóficas, a obra foi concebida originalmente como tese de doutorado em Educação na Universidade Columbia e ganhou importantes prêmios nos EUA.”

Shamisen: Canções do Mundo Flutuante: “ Inspirado na cultura japonesa, traçando paralelos com a realidade e inserindo elementos do folclore e da mitologia nipônica, a HQ narra a história de Haru, uma musicista cega que sobrevive por meio de suas canções e talento para tocar o shamisen, um instrumento de corda com uma história tão peculiar quanto sua melodia. A protagonista foi inspirada na artista Haru Kobayashi (1900-2005), consagrada como uma das mais influentes gozes, mulheres cegas que ganhavam a vida com apresentações musicais.”

Notas sobre o luto: “Escrito após a morte do pai de Chimamanda Ngozi Adichie em junho de 2020, durante a pandemia de covid-19 que mantinha distante a família Adichie, Notas sobre o luto é um poderoso relato sobre a imensurável dor da perda e as lembranças e resiliência trazidas por ela.”

Caso alguém queira ver a lista de tudo que li esse ano é só clicar aqui.

PODCASTS

Em 2021 eu ouvi 242 podcasts. Eu comecei a ouvir o podcast As Cunhãs, um podcast sobre política local e nacional feito por 3 jornalistas cearenses, recomendo demais que todos acompanhem. O episódio do podcast Mano a Mano em que o Mano Brown entrevista o Lula é excelente, recomendo demais mesmo. Em 2021, foi lançado uma série documental em formato de podcast sobre a origem do mercado de PCs e games para PCs no Brasil, o Primeiro Contato. Foi produzido pelo Overloadr, que é uma equipe jornalística com foco na área de jogos, em parceria com o B9, uma produtora de podcasts brasileira gigantesca (responsável pelos podcasts Mamilos e Braincast).  É uma obra prima como documentário e um prato cheio para quem se interessa por essa história. Ao todo são 12 episódios mais dois extras. Segue um trailer bem legal do Primeiro Contato:

Caso alguém queira ver a lista de todos os podcasts que ouvi esse ano é só clicar aqui.

Agora vamos finalmente a tabela comparativa do meu consumo de mídia:

  2018 2019 2020 2021
Filmes assistidos 53 47 48 50
Temporadas de séries assistidas 10 4 16 28
Podcasts ouvidos 739 1.083 526 242
Jogos finalizados 12 14 35 30
Livros lidos 4 10 5 6
Quadrinhos lidos 19 27 16 17

BLOG

Também gostaria de compartilhar alguns números aqui do blog. Em 2021 o Barco Furado recebeu 1.541 visitantes, somando ao todo 3.426 visualizações. O texto mais lido de 2021 é o Pai com 343 visualizações. O segundo texto mais lido do blog esse ano foi o Um mês sem ele, com 169 visualizações. Por fim, o terceiro texto mais visto no blog esse ano foi o Dia dos finados, com 112 visualizações. Não por acaso, todos são sobre o meu processo de luto. Aqui mais uma tabela mostrando os acessos do blog:

  2018 2019 2020 2021
Visitantes 1.139 1.308 1.015 1.541
Visualzações 2.552 2.662 2.111 3.426

Foi um ano terrível, mas tive pessoas maravilhosas ao meu lado que aguentaram a barra comigo. Para finalizar esse texto preciso agradecer publicamente todas elas. Primeiro a Jaiana, minha namorada e companheira. Enquanto meu espírito convulsionava de dor e sofrimento, ela aguentou tudo comigo do meu lado. Vários dos jogos, filmes e séries que citados aqui eu joguei e assisti junto dela (te amo muito moh). Ao Daniel e o Filipe, por estarem sempre dispostos a me receber na casa deles quando eu precisava e por terem se disponibilizado a dormirem aqui na minha casa na noite que deve ter sido a noite mais sombria da minha vida, vários dos jogos e filmes citados nesse texto também foram jogados e assistidos na companhia deles dois. Ao Fellype e ao Luiz Henrique, pela retomada da amizade de infância quando eu mais precisava. A Izabel e a Herbeline por estarem sempre preocupadas comigo. A Duda, por ter entrado na minha vida e sempre dar mais cor e sabor a ela, alguns dos jogos e filmes que citei também foram ao lado dela (sigam o Portinha Amarela e apoiem o job da Duda).  Por fim, toda minha família, especialmente a Cibele (irmã do Daniel) e minha tia Helena (mãe do Daniel e da Cibele), por todo suporte que deram aqui em casa em 2021.

3 Comments

  1. Desculpa Felipe por não ter te apoido , não tá do seu lado, não dá suporte emocional e nem fazer parte da sua historia. Eu sou uma inútil mesmo.

  2. Lembro de já ter lido outra retrospectiva tua. Acho isso muito bacana, sabe? Tô até me animando em fazer esse ano tb! Eu sou 0% disciplina, mas vc me inspirou! Feliz 2022, Felipe! Te desejo felicidade, paz e saúde !

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