1 ano sem ele

Oi pai. É o seu filho aqui. Então, já faz um ano que você se foi e depois de escrever tanto sobre o luto e sobre tudo que aconteceu, acho que está na hora de falar diretamente com você. 

Eu não tive a chance de lhe agradecer em vida tudo que você fez por nós. Ser sempre tão presente na nossa vida escolar. Estar sempre disposto a cozinhar. Estar sempre disposto a ajudar. Ter construído com as próprias mãos a casa onde moramos hoje, enfrentando sol e chuva. Dói demais não ter lhe feito esses agradecimentos em vida, mas saiba que a todo momento nós somos eternamente gratos por tudo isso.

Agora eu sempre observo os que ainda possuem seus pais vivos, eles ainda não sabem a dor que os aguarda. Fico me perguntando porque eu tive que passar por essa dor tão cedo, eu sei que essa resposta não existe, mas é exatamente aí onde mora a angústia, a pergunta continua ecoando, mesmo eu sabendo que não existe resposta. De qualquer forma, eu queria que o senhor soubesse que foi um privilégio enorme ser seu filho, um privilégio enorme ter lhe conhecido e estar aqui neste mundo no mesmo tempo que você.

As coisas por aqui estão indo bem. Estamos aprendendo a conviver com a sua ausência, não nos acostumamos com ela, não a superamos, mas estamos aprendendo aos poucos a lidar com essa ausência. A casa já está bem diferente da última vez que o senhor esteve nela, está ficando linda. Aos poucos os eventos sociais voltaram a acontecer, a casa que o senhor construiu permanece um local de encontros, de acolhimento, de alegria, de felicidade e muitas festas. Você faz falta em cada canto e em cada evento aqui, mas achei que o senhor fosse gostar de saber que, apesar da dor, a casa permanece viva.

Eu sei que agora o senhor está nas graças do espírito santo. De algum modo fico feliz por isso, pois sei que assim como eu sinto sua falta agora, o senhor também sentia muita falta do vô Adão. Pouco depois que o senhor se foi, a vó Santinha também fez a passagem dela. Imagino que agora vocês estejam juntos olhando por nós aqui embaixo e sei que um dia nos reencontraremos.

Nazareno Peres Moreira

5 Comments

  1. Que lindo texto Felipe. Eu me emocionei aqui mesmo ao ponto das lagrimas e entendo cada palavra. Hoje vivo cada dia da melhor forma possível com meus pais porque reconheço que cada instante pode ser o último. A demência do papai me faz sentir isso muito vivo no sentido da vida. Que Deus conforte cada dia mais o coração de todos vocês.

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